Um trabalho nada infantil














Por Hyana Rocha e Rayla Vidal
Para trabalhar na indústria dos quadrinhos é preciso talento e muita responsabilidade. Histórias aos quadradinhos, comics, historietas, bandes dessinées e funnies são alguns dos nomes recebidos pelas famosas histórias em quadrinhos pelo mundo afora.
As histórias em quadrinhos (HQ), como são conhecidas no Brasil, surgiram em 1820 na França, sob o nome de “canções de cego” .Os quadrinhos se tornaram mais próximos dos brasileiros quando, em 1865, Olavo Bilac traduziu “Os garotos travessos”, de Max e Moriz, publicados no Brasil como “Juca e Chico”. Por aqui, quadrinhos são predominantemente entendidos como algo infantil, mas, para trabalhar neles, tem que ser e agir como “gente grande”.
Julia Pinto, 24 anos, alagoana, trabalha como ilustradora e quadrinista. Sempre gostou de quadrinhos e de desenhar. Como boa parte dos brasileiros, seu primeiro contato com esse universo foi com as revistinhas da Turma da Mônica, de Maurício de Sousa. Todavia, seus pais compravam os mais diversos tipos de quadrinhos, como os da Mafalda ou da Maitena.
Julia afirma que recebe muito apoio de toda a família, mas nem todos seus colegas de profissão partilharam da mesma sorte.Suas influências vem de desenhistas como Terri Dodson, Nilo Manara, Ivan Reis, Daniel Brandão, entre outros.
Ela acredita que o mercado é amplo, pois qualquer pessoa pode desenhar quadrinhos, porém, essa é uma área que exige muito esforço e dedicação. “Você pode trabalhar em diversas áreas por que é uma mídia como o cinema ou o teatro, tem espaço pra todo mundo, mas é limitado para se chegar aonde quer, é muito tempo de carreira”, explica.
A alagoana começou a sua carreira durante um curso que fez no estúdio Daniel Brandão, onde foi convidada pelo próprio Daniel para lá trabalhar. Julia diz que, no Ceará, tem muita gente que trabalha na área, como Allan Goldmam e Geraldo Borges.
Normalmente, por trás da produção de um quadrinho existe uma equipe enorme. Um fica responsável pela história, outro pelos balões, arte final, entre outras áreas. Julia trabalha nas mais diversas áreas, mas, desde 2009, tem trabalhado mais na arte final, onde cuida do padrão e faz correções nos desenhos.
Julia conseguiu trabalhar para a Marvel Comics seis meses após entrar para agência americana Glass House, da Flórida. Segundo Julia, na maioria dos casos, o contato entre ilustradores e empresas como a Marvel, ocorre por meio de agências.Ela percebe que o mercado no Ceará está melhorando, pois há vários estúdios na cidade e foi criada a Gibiteca de Fortaleza.
No Brasil, o mercado de quadrinhos é moderado, mas existem muitos brasileiros trabalhando para outros países, como, por exemplo, os Estados Unidos e a Itália.
Pode até se pensar que passar horas desenhando seja um trabalho bastante simples, mas, além do talento, outros fatores são importantes, como passar diversas horas estudando todos os dias e ser responsável. “Obviamente o talento é extremamente necessário, mas tem outras coisas na balança. Tem que ter responsabilidade com os prazos. Uma página que atrasa, atrasa uma revista inteira de sair. O que pode trazer grandes prejuízos para a empresa,” comenta Julia.
